Escola Estadual de Tempo Integral Dr. Arnaldo Faria - Bagé - Nossas Expressões – Blog para falar, dançar, comemorar, representar, poetizar, aprender a aprender, socializar, cooperar, brincar, quem sabe brincando ensinar, contribuir para fazer a roda girar.
domingo, 21 de fevereiro de 2016
O QUE NOS MOVE?
O que nos move é a esperança...Ah! Isto é muito vago, nos dizem. Não para quem a tem em seus atos, não para quem não se dispõe à venda... Somos esperançosos
na medida de nossas lutas diárias, somos porque assim nos tornamos
gente, porque é da essência dos humanos construírem seus sonhos. O
que move nossas vidas é sabermos sermos finitos, portanto,
“inconclusos”, não acabados, imperfeitos, em construção, assim neste
eterno ir e vir aprendemos a essência que nos faz Humanos. Estes
aprendizados nos são caros, são marcas talhadas em nossas faces, são
silêncios acumulados, mas não silêncios de covardia e de medo, silêncios
que anunciam bem alto a Boa Nova...Que a Vida anda por nós faceira
explodindo em alegria, bem próximo a nós, basta abrirmos os olhos e
Vermos. Por isso...Por vezes aprendemos bem mais que ensinamos as nossas Crianças.
As casas enquanto moradas deveriam ser melhor cuidadas por nós,
deveríamos ter mais precaução quando fôssemos mexer nas suas rugas e
ranhuras...Na verdade, creio serem estas
casas organismos sencientes, pois habitam nossa morada eterna que é
alma, nosso DNA, nossa memória. Memória do que nos forma enquanto Seres
do Porvir, em construção permanente. Assim são as casas que abrigam
Escolas, são Moradas do que Somos, é ali que boa parte da Memória Viva
do que historicamente a humanidade construiu, com seus avanços e
retrocessos, é socializado, é questionado, é negado, é confirmado.
Fechar uma Escola é fechar as portas para o presente e resignar-se a um
futuro incerto. Quando se fecham as portas de uma Escola se abrem
imensos portões para a desesperança!!!
Sete longos anos se passaram desde que a primeira tentativa de fechamento de nossa Escola foi interrompida pela luta cidadã que nossa Comunidade Escolar promoveu junto com importantes atores sociais de nossa cidade Bagé RS. Travamos a boa luta por educação e tivemos apoios de peso da sociedade civil organizada, entidades de classe e de órgãos públicos que entenderam e abraçaram nossa causa de que o fechamento de uma Escola de 58 anos era inadmissível.
De lá para cá o que mudou????
Realizamos dezenas de reuniões, promessas foram realizadas, compromissos assumidos, negociações estabelecidas em diferentes instâncias governamentais ... e de concreto: NADA!!
Estamos a sete anos tentando que compreendam o ÓBVIO.. .A importância da EXISTÊNCIA DE NOSSA ESCOLA, que é única, que vem formando nestes anos a milhares de cidadãs e cidadãos, que é da Comunidade Bageense, que deve estar acima dos interesses pontuais dos governos, que o fazer político deve primar pela ética e estar a serviço da promoção e defesa prioritária dos interesses dos humildes, menos favorecidos pelas oportunidades da vida e que a educação é uma das peças chaves na busca da equidade social e que a nossa Escola merece e Luta por respeito, que um regime de colaboração entre Município e Estado é possível e desejável e que venha ao encontro de resolver, de uma vez por todas, nossa enorme angústia: Não termos até hoje um documento que garanta o acesso a posse do prédio que foi construído com verbas de doações da Comunidade Bageense para a construção da nossa Escola, que possuímos de fato e de vivência e de construções de existências a exatos 58 anos...é ali que construímos nossa Memória Coletiva, enquanto parte de uma Comunidade da qual temos orgulho de pertencer e que não abriremos mão de continuar a ter o Direito, Conquistado a duras penas, de seguirmos construindo o que somos Cidadãos.
Sete anos se passaram e ainda estamos trilhando os caminhos da insegurança...da incerteza...Não foi construído nestes 07 anos uma alternativa viável que dê PAZ e SEGURANÇA TRANQUILIDADE para continuarmos a fazer o que sabemos fazer: EDUCAR. De quem é a responsabilidade por tamanha insensatez, por tamanho descaso com a EDUCAÇÃO, logo ela tão propagada de 4 em 4 anos aos postulantes a cargos públicos que por breve tempo a exaltam para momento seguinte esquecê-la.
O que necessitamos:
A construção de um termo de convênio entre Município e Governo Estadual que estabeleça e acorde uma solução definitiva para o prédio da Escola (Permuta, cessão) e a manutenção do mesmo; a questão do transporte escolar e contrapartidas.
O que falta para que isso se concretize: Só uma coisa - Vontade Política.
E é importante que se diga, o Município tem demonstrado interesse em resolver de forma positiva tal situação, garantido o direito à Educação e a permanência da Escola, prova é que faz 5 anos que vem mantendo uma parceria com a Escola, fornecendo 01 ônibus da Secretaria de Educação e um outro ônibus, através da parceria com a Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer, para o transporte de nossos educandos. O Prefeito Municipal inclusive, firmou compromisso com nossa Comunidade Escolar, em Reunião em Dezembro de 2015, reunião que teve expressiva participação, de que estava disposto a resolver tal situação até o inicio do ano de 2016, dependendo para isso da participação do Governo Estadual.
O fato novo:
Esta semana a 13ª Coordenadoria Regional de Educação (13ªCRE) nos comunicou que não existe a possibilidade de resolverem a questão do transporte escolar, uma contrapartida de ônibus e que se não resolvêssemos junto à Prefeitura tal questão, que já tinham autorização da SEDUC (Secretaria Estadual de Educação) para fecharem a Escola. Ora, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul esteve omisso na resposta que a Comunidade solicita dele e transfere a responsabilidade pela resolução do problema a Escola. Cremos que isso se configura num tremendo desrespeito a Comunidade Escolar, ato essencialmente deseducador, que não respeita nossa História, nossa capacidade de resistência cultural e Luta.
Desta forma solicitamos que, a 13ª CRE e a nossa Mantenedora SEDUC, busquem alternativas junto a Prefeitura Municipal de Bagé, no sentido de resolverem o problema do transporte escolar e não no sentido de criarem e contribuírem para o aumento das estatísticas infantis e adolescentes, que nos informam de quantas crianças e adolescentes perdemos, enquanto Sociedade, para a violência, para as drogas, para o trabalho infantil, prostituição infantil, para situação de abandono e de rua. Os governos são eleitos para apontarem soluçõese resolverem problemas, não para cria-los.
Convocação:
Convocamos a todos e a todas amigas e parcerias de nossa Escola que se unam, mais uma vez, a nós na luta cidadã pelo direito a Educação com qualidade social e que este importante Projeto de Escola de Educação Integral, que por tantos anos tem prestado relevantes serviços educativos a Comunidade Bageense e aos que desta mais necessitam, nãofaça parte das estatísticas do esquecimento.Junte-se a Nós!!!
Nestes um ano e sete meses que estivemos afastados da atualização do Blog, muita coisa andou rolando em nossa Escola, águas que passam embaixo de nossa ponte, águas que nos renovam e estão sempre a mudar.
Hoje contruimos uma parceria com a Prefeitura da cidade de Bagé e a Secretaria Municipal de Juventude Esporte e Lazer, as quais estiveram sempre de nosso lado, desde o inicio do processo de resistência educativa e cultural que estabelecemos. Assim como esteve conosco a Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Bagé, a Comissão de Educação e Direitos Humanos da Câmara Municipal de Vereadores, a Defensoria Pública, a Secretaria Municipal de Educação, o Simpro, Simprofen, o Cpers Sindicato; Sem o apoio destas Instituições teríamos, provavelmente, deixado de existir.
Além das parcerias externas, conseguimos internamente avançarmos no aprofundamento da estrutura necessária a construção de uma Escola de Tempo Integral, sendo que num primeiro momento conseguimos manter quase toda a estrutura fisica, bem como os bens móveis que eram propriedade do Instituto (o qual encerrou suas atividades em Janeiro de 2010) e que ficaram para a Escola, além destes, ampliamos a conquista de bens que tínhamos como fundamentais para ampliarmos nossa estrutura de trabalho, como os que vieram a qualificar nossa Sala de Multimidias e os da cozinha da Escola e a nossa padaria, a qual desde o inicio deste ano colocamos em funcionamento.
No processo pedagógico e de gestão conseguimos o acesso da Escola a importantes Projetos que já estao em desenvolvimento na Escola: Programa Mais Educação, Projeto Santa Tecla - Um Computador por Aluno (em fase de implementação), Programa Esporte e Lazer das Cidades e Projeto Segundo Tempo. Pelo Mais Educação implantamos as seguintes Oficinas: de Coral, de Dança, de Banda Escolar, Horta, Rádio Escola, de Letramento.
Mas a novidade mais interessante que temos a relatar não podia deixar de ser outra senão a respeito de nós mesmos, das gentes que coletivamente estamos nos construindo, da trupe de novas e novos atores da cidadania, meninos e meninas educandas (os) e novas educadoras e educadores e de funcionárias (os) que se juntaram a nós nesta Caminhada de construção e reconstrução de conhecimentos, de afetos, de sentimentos, de territórios de liberdade, paz e Vida.
Passados exatamente um ano e sete meses da última postagem deste Blog, resolvemos ativá-lo para atualizar as noticias sobre nossa Escola e agradecermos a todas e todos que conosco compartilharam nossos momentos de extrema tristeza, quando da tentativa do fechamento da Escola, bem como nossa disposição de Luta, nossa terna alegria por termos contado com o ato solidário de vocês e definitivamente podermos ter dado continuidade a nossa Caminhada. A todos vocês nos colocamos a disposição e gostariamos de dizer que a nossa Casa também é Sua. Muito Obrigado Povo de Bagé, o que fizemos e construimos juntos foi uma bela aula prática de Cidadania Ativa.
Escolhi a sombra dessa árvore para
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos
e conversarei com os homens.
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais;
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso esperar, na forma em que esperas,
porque esses recusam a alegria da tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.
A sociedade sabe de antemão que quando se fecham as portas de uma escola, literalmente abrimos portões escancarados para o abandono.
Os órgãos governamentais justificarão: Mas há tantas outras escolas para serem encaminhados. Existe o zoneamento e as escolas próximas absorverão a demanda. Aumentaremos as vagas em outras escolas. Nenhuma criança ficará fora da Escola. Temos compromisso com a educação.
Perguntamos: Nestes últimos anos quantas Escolas novas foram criadas? Quantos alunos temos por salas de aula nas Escolas públicas? Quanto de investimento recebeu cada Escola Estadual da cidade nestes últimos anos? Quantas Escolas puderam fazer reformas mínimas em seus prédios? Os recursos que cada Escola recebe são suficientes para manterem-se? No que efetivamente os educadores e funcionários de escola, trabalhadores em educação, foram valorizados? Quantos concursos públicos foram feitos nos últimos anos para suprir a defasagem enorme de recursos humanos nas escolas? Onde estudam os filhos de quem governa? Estão estudando nas Escolas Públicas?
A sociedade sabe que milhares de entidades filantrópicas existem no Brasil?
Quantas realmente têm, como costumam propagar, o que chamamos de responsabilidade social?
Quantos milhões os cofres públicos deixam de receber com isenções a estas entidades?
Quantos milhões são fornecidos pelos cofres públicos a elas?
Vi há poucos dias um filme que me deixou abismado, chama-se: “Quanto vale ou é por quilo?” Filme do diretor Sergio Bianchi que faz um paralelo entre a época da escravidão e os dias em que vivemos, abrindo o que podemos chamar “das portas da esperança” do chamado terceiro setor, fazendo uma dura critica a entidades que aparentemente servem ao próximo, servindo-se da exploração da miséria, de fartas verbas angariadas de pessoas de boa vontade e com sentimento de solidariedade e do rio de recursos arrecadados via nossos impostos, com os quais o governo deliberadamente rega, quase sem fiscalizar nada, a titulo de contribuição pelos serviços prestados, estas entidades que aos milhares florescem, brotando por todos lugares. É evidente que se deve separar o joio do trigo. Existem entidades realmente sérias, que muitas vezes suprem com seus esforços contínuos o que o Estado deixa descoberto, é a sociedade civil organizada que “não deixa a peteca cair”.
Mas por quantas vocês colocariam suas mãos no fogo?
As crianças continuam como nunca nas ruas, são milhares.
Agora fantasiados de zumbis, com a epidemia do crack
Abandonados, esquecidos, maltrapilhos, drogados ou trabalhando como escravos.
O que nos move é a esperança...Ah! Isto é muito vago, nos dizem.
Não para quem a tem em seus atos, não para quem não se dispõe à venda...
Somos esperançosos na medida de nossas lutas diárias, somos porque assim nos tornamos gente, porque é da essência dos humanos construírem seus sonhos.
O que move nossas vidas é sabermos sermos finitos, portanto, “inconclusos”, não acabados, imperfeitos, em construção, assim neste eterno ir e vir aprendemos a essência que nos faz Humanos. Estes aprendizados nos são caros, são marcas talhadas em nossas faces, são silêncios acumulados, mas não silêncios de covardia e de medo, silêncios que anunciam bem alto a Boa Nova...Que a Vida anda por nós faceira explodindo em alegria, bem próximo a nós, basta abrirmos os olhos e Vermos.
Por isso...Por vezes aprendemos bem mais que ensinamos as nossas Crianças.
